Jardins e parques urbanos do século XIX

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Jardins e parques urbanos do século XIX

A Revolução Industrial e os Jardins e Parques Urbanos do séc. XIX

A Revolução Industrial iniciada em 1760 teve impacto em todos os aspetos da sociedade do século XIX, alterando por completo a forma de vida e de estar das populações, tal como abordado no artigo “Urbanismo e saúde: do higienismo ao ecologismo“.

O êxodo das zonas rurais para as áreas urbanas e o crescimento exponencial das unidades fabris tornaram as cidades em locais insalubres, altamente poluídos e com graves problemas sanitários. Para combater esta situação, as elites ligadas à nobreza e à burguesia emergente criaram espaços verdes que funcionavam como refúgios onde respiravam ar puro e desfrutavam da natureza. Assim, sobretudo em Inglaterra, surgem diversos espaços verdes, murados e vedados às classes sociais menos abastadas.

A democratização dos jardins e parques públicos do século XIX

Com a expansão exponencial urbana, tornou-se inevitável alargar o conceito de “pulmão verde” das elites às restantes classes sociais. Tornou-se urgente criar espaços que estimulassem o lazer, a contemplação e o bem-estar das populações, ao mesmo tempo que contribuíam para melhorar a estética urbana.

Apesar da ideia de tornar públicos estes espaços, foi apenas no século XX, sobretudo nos anos de 1950, que se deu o enorme boom de jardins e parques públicos, com o surgimento dos jardins contemplativos, dos parques de bairro nos EUA e dos parques monumentais em França.

Foi a partir desta altura que os jardins e parques públicos passaram a integrar o quotidiano e o modo de vida das populações em geral e não apenas de alguns privilegiados, quando apareceu a noção de “Espaços Verdes” no urbanismo.

Em Inglaterra, nomeadamente em Londres, os famosos Regent’s Park, Saint James Park, Hyde Park, Green Park Kensington Park passaram a ser parques de utilização pública a partir de 1840.

Nos EUA gostaria de realçar o papel do Central Park em Nova Iorque, da autoria dos arquitetos paisagistas Olmsted e Vaux, que influenciou o desenho de muitos outros parques em todo o mundo.

Os jardins da Avenida da Liberdade e o Jardim da Estrela, ambos em Lisboa, são os símbolos maiores deste tipo de espaços verdes em Portugal. Irei abordá-los com mais detalhe no próximo artigo do blog da Paisageiro.

Parks Movement

Por esta altura surge nos EUA o movimento Parks Movement que defendia a criação de espaços públicos destinados à plantação de árvores com o intuito de melhorar a qualidade do ar dos residentes na zona. Este movimento contribuiu largamente para o atual conceito de qualidade ambiental nos espaços urbanos ao defender a existência de espaços de recreação e cultura, onde fosse agradável passear e residir e que, ao mesmo tempo, contribuíssem para a preservação dos recursos naturais.

Espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais sobre o aparecimento dos jardins e parques públicos do século XIX e a sua importância para o contexto paisagístico dos nossos dias.

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por: Karine Moreau

Karine Moreau é uma arquiteta paisagista luso-francesa que, depois de se ter formado numa das melhores escolas da especialidade em França, estabeleceu-se em Portugal, mais precisamente em Sintra, para desenvolver a sua atividade profissional. Apaixonada pela natureza, pelo paisagismo e pelo urbanismo, coloca todo o seu profissionalismo e paixão ao serviço dos seus clientes – sejam particulares, empresas ou entidades públicas – por forma a criar espaços verdes que contribuem para uma melhor qualidade de vida.