Dezembro traz consigo toda a magia do Natal, a festa da Família e do Amor por excelência. A música ecoa a cada esquina e as decorações embelezam ruas, montras e casas. Tudo ganha um encanto especial que alegra e aquece corações de todas as idades.
Em jeito de homenagem a esta época mágica, apresento-vos a história de um dos seus símbolos maiores: a árvore de Natal.
A milenar história da árvore de Natal
Antes de Cristo
Na Antiguidade as árvores eram consideradas símbolos divinos e celebradas em festivais que, por norma, estavam associados a entidades mitológicas.
Os Assírios acreditavam que a deusa Semiranis abençoaria quem decorasse uma árvore e oferecesse presentes no dia do seu nascimento.
Por seu turno, os Egípcios associavam o cedro a Osíris, o deus que representava o renascimento, a ressurreição, a justiça e a fertilidade.
Os Gregos ligavam o loureiro ao deus sol Apolo, o abeto a Átis, a entidade que representava os frutos que morrem no inverno para renascer na primavera, e a azinheira a Zeus, o pai de todos os deuses.
Povos germânicos
No norte da Europa era hábito colocarem-se presentes para as crianças por baixo do carvalho sagrado de Odin, o deus da sabedoria, da guerra e da morte, que também era visto como o deus da magia, da poesia, da caça, da profecia e da vitória.
Países Bálticos
É nos Balcãs que encontramos uma tradição muito semelhante à dos nossos dias já que os povos pagãos da região tinham o costume de cortar pinheiros que levavam para casa e decoravam.
Depois de Cristo
A história da árvore de Natal inclui alguns obstáculos. Por causa da associação a cultos pagãos, o corte de árvores foi proibido durante séculos. Contudo, a lei não chegou para eliminar a tradição. Assim sendo, deu-se o que muitos apelidam de “cristianização” dos costumes e tradições pagãos associados ao solstício de inverno, nomeadamente à adoração das árvores.
A primeira árvore de Natal dos nossos dias
Existem duas teorias sobre o aparecimento da primeira árvore de Natal.
Uma defende que a primeira árvore de Natal, tal como hoje a conhecemos, surgiu em 1510, em Riga, capital da Letónia.
A segunda teoria – e a mais conhecida – defende que a árvore de Natal teve o seu aparecimento na Alemanha pelas mãos de Martinho Lutero, o responsável pela Reforma Protestante no século XVI.
Reza a história que ao olhar o céu através de uns pinheiros que ladeavam o trilho, Lutero terá ficado tão maravilhado com o facto das estrelas parecerem um colar de diamantes a rodear a copa das árvores que decidiu recriar tamanha beleza, para mostrar às crianças como deveria ter sido o céu na noite do nascimento do Menino Jesus. Para tal, cortou um ramo de pinheiro que plantou num vaso e decorou com velas acesas e outros enfeites coloridos, dando origem à árvore de Natal.
Da Alemanha para o mundo
A tradição de decorar a árvore de Natal foi-se espalhando um pouco por toda a Europa e, graças à emigração, chegou aos Estados Unidos, durante o século XIX.
A história da árvore de Natal em Portugal
Em Portugal, como em outros países fortemente católicos, a árvore de Natal divide o palco das decorações com o Presépio.
Na verdade, a tradição da árvore decorada é importada para Portugal pelo rei consorte Fernando II, de origem alemã, e responsável pelo maravilhoso Palácio da Pena, em Sintra. Aliás, terá sido neste palácio que, em 1844, o rei decidiu decorar um pinheiro e distribuir presentes, vestido de São Nicolau, honrando os costumes do seu país natal.
A partir de então, todos os anos era decorado um abeto na sala de estar privada da Família Real, no Palácio das Necessidades. O espírito natalício era reforçado com guloseimas e distribuição de presentes. Foi com D. Fernando que o Natal deixava de ser exclusivamente uma festa religiosa e passou a ser também uma celebração para as crianças. Este conceito implementou-se primeiro no seio da nobreza, tendo-se depois alargado ao povo.
A lenda do pinheiro de Natal
Além da história, a árvore de Natal tem ainda uma encantadora lenda associada ao seu nascimento. Convido-vos a conhecê-la:
Reza a lenda que existiam três árvores, uma tamareira, uma oliveira e um pinheiro, junto ao estábulo onde Jesus nasceu. As três árvores quiseram oferecer um presente especial ao Menino.
Assim, a oliveira ofereceu as suas azeitonas e a tamareira ofereceu as suas doces tâmaras; porém, o pobre pinheirinho percebeu que não tinha nada para oferecer e ficou muito triste.
Ao verem o pinheiro verdadeiramente inconsolável, as estrelas que brilhavam no céu, desceram à terra e pousaram sobre os seus ramos, iluminando-o com dezenas de luzes de diferentes tamanhos. Ao ver-se assim tão belo, tão cheio de luz e esplendor, o pinheirinho decidiu oferecer-se a si mesmo e o Menino, ao vê-lo tão brilhante, ergueu os seus bracinhos e sorriu.
Desde então, todos os anos enfeitamos e iluminamos um pinheiro como oferenda ao Menino Jesus que renasce nos nossos corações a cada 25 de dezembro.
O pinheiro-manso (Pinus pinea)
Ainda que em alguns países a árvore de Natal mais comum seja um abeto, na maioria dos países europeus, o pinheiro-manso é a árvore de eleição bem como os seus pinhões, elemento incontornável das mesas de consoada portuguesas.
Tendo surgido na pré-história e, como tal, sendo considerado uma espécie “arqueófita”, o pinheiro-manso é característico da bacia do Mediterrâneo. Na verdade, estende-se desde Portugal até à Turquia e ao Líbano, em altitudes que vão do nível do mar até aos cerca de 1000 metros.
O seu habitat preferido
Os pinheiros-mansos dão-se especialmente bem nas zonas arenosas e de dunas das regiões costeiras que são húmidas e apresentam solos bem drenados e baixas variações térmicas.
Em Portugal destacam-se a Península de Setúbal mas também pode ser avistadados no litoral centro, algarve, em algumas regiões do interior alentejano e das beiras e dispersos no norte.
Características do pinheiro-manso
Com uma altura de cerca de 30 metros, o pinheiro-manso floresce de março a maio e tem uma longevidade média de 250 anos.
É uma árvore de folha persistente, em forma de agulhas, verdes escuras, rijas e finas, cujo tamanho varia entre os 10 e os 20 cm de comprimento.
A sua copa robusta vai ganhando uma forma abobada á medida que se torna adulta e rodeia um tronco alto e direito.
As suas flores assemelham-se a pequenas pinhas e alinham-se nas extremidades mais jovens dos seus ramos. Estas flores podem ser amarelas, se forem masculinas, ou verdes, se forem femininas.
Os seus frutos consistem em pinhas de formato oval, que vão evoluindo do verde para o castanho à medida que vão maturando. São as escamas que revestem as pinhas que protegem as sementes, ou seja, os tão apreciados pinhões. Por norma, as pinhas amadurecem depois do terceiro verão e os pinhões caem no outono do terceiro ano ou na primavera do quarto.
As utilizações do pinheiro-manso
Além de servirem como árvores de Natal, os pinheiros-mansos apresentam diferentes utilizações.
A sua madeira, extremamente dura e difícil de trabalhar, é ideal para a construção e para a indústria naval, graças à sua resistência e impermeabilidade. A resina é também extraída e aproveitada.
Os pinhões são muito apreciados seja em consumo direto seja como ingrediente das mais variadas receitas. Como tal, a produção de pinhões é um importante impulsionador económico de algumas zonas.
Em termos ambientais, o pinheiro-manso é fundamental para a proteção dos solos arenosos e para a fixação de dunas.
Espero que tenham gostado da história da árvore de Natal e do pinheiro-manso. Por mim, resta-me desejar-vos um excelente e feliz Natal, com muito amor, junto dos que mais amam.
