A história da arte topiária

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A história da arte topiária

Ainda que muito comum no nosso país, a Topiária é uma arte algo desconhecida para muitos. Assim, antes de abordar a sua história, gostaria de começar por explicar brevemente o seu conceito.

O que é a Arte Topiária?

A palavra topiária tem origem no termo do latim topiarius que significa “a arte de adornar jardins”. Na verdade, a Topiária consiste numa técnica de jardinagem que procura dar formas esculturais às plantas e arbustos, moldando-as ao gosto do jardineiro.

Breve história da Arte Topiária

As origens da Arte Topiária remontam a 500 a.C., ao tempo dos Babilónios, que a aplicaram nos míticos jardins da Babilónia.
Desde então, esta técnica apurada da jardinagem esteve quase sempre presente em todos os movimentos paisagísticos, sendo associada às classes mais favorecidas, nomeadamente à nobreza e ao clero.
Podemos encontrar a sua presença desde os jardins da Roma Antiga aos jardins dos mosteiros e castelos medievais.
Após ter saído de moda, a Arte Topiária regressou para um novo período de apogeu aquando do Renascimento e tornou-se um elemento central nos jardins formais europeus, com especial destaque para os franceses.
Ainda que tenha sido novamente abandonada nos jardins ingleses do século XVIII, pois estes procuravam celebrar a natureza no seu estado mais puro, a Arte Topiária reinventou-se nos jardins contemporâneos, surgindo com formas geométricas abstratas e minimalistas.
Nos jardins orientais, a Arte Topiária evoluiu com formas naturais, fazendo lembrar a arte dos bonsais.

A técnica Stuffed

Esta técnica que surgiu nos EUA, na década de 60 do século passado, revolucionou a Arte Topiária. Ao recorrer a suportes, tornou possível a criação de novas formas, com novas cores e texturas, ao mesmo tempo que tornou mais célere e prático o processo de moldar o arbusto ou a planta, ainda que tenha mantido todo o seu foco no detalhe. Os parques da Disney são o exemplo mais icónico da aplicação desta técnica, tendo-a tornado popular em todo o mundo.

As plantas da Arte Topiária

O buxo é uma das plantas por excelência da Arte Topiária, sendo o cipreste, o teixo, ou a murta outros exemplares que também se adequam a esta técnica.
Na realidade, quase todas as plantas que se caracterizem pela longevidade, pelo crescimento lento ou moderado, pela folhagem ramificada, compacta, firme e perene, e, sobretudo, pela resistência a podas frequentes, são boas parceiras da Arte Topiária.

As exigências da Arte Topiária

Não basta saber moldar a forma pretendida, há que garantir que o arbusto ou a planta mantenham toda a sua vivacidade e esplendor. Para tal, é essencial que todas as partes recebam luz solar direta, o que significa que não devem ser deixadas áreas côncavas ou negativas demasiado profundas. É por este motivo que a base da escultura costuma ser mais larga que o topo e que as formas mais simples de executar são as cónicas e as espirais.
Nos jardins onde a técnica stuffed é aplicada é possível criar esculturas em zonas semi-sombreadas, dependendo das espécies selecionadas, sendo as trepadeiras as mais comuns. Para que esta técnica avançada da Arte Topiária tenha sucesso é fundamental que os suportes sejam resistentes e duráveis.
Independentemente da técnica aplicada, o fator principal para que um jardim com exemplares de Arte Topiária tenha sucesso é o cuidado, seja com a plantação, a rega, a protecção contra pragas ou com as podas.

Os mais icónicos jardins da Arte Topiária

Ao longo dos séculos muitos foram os jardins onde a Arte Topiária ocupou um espaço de destaque. De entre esses jardins gostaria de destacar o Cemitério Municipal de Tulcán, no Equador, os jardins Levens Hall, em Cumbria, Inglaterra, os jardins da Igreja de São Rafael em Zarcero, na Costa Rica, os jardins de Marqueyssac, em Vézac, na França e o Topiary Park, no Ohio, EUA.
Em Portugal os jardins topiários estão muito associados a magníficas casas senhoriais, ligadas à corte real e às classes sociais mais favorecidas como acontece com o jardim da Casa de Campo, em Celourico de Basto, com os jardins da Casa da Ínsua, em Penalva do Castelo, ou com o Paço de São Cipriano, em Guimarães.
A importância deste tipo de jardins no nosso país é tal que até foi criada uma rota topiária que, desde já, vos convidamos a visitar aqui.

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por: Karine Moreau

Karine Moreau é uma arquiteta paisagista luso-francesa que, depois de se ter formado numa das melhores escolas da especialidade em França, estabeleceu-se em Portugal, mais precisamente em Sintra, para desenvolver a sua atividade profissional. Apaixonada pela natureza, pelo paisagismo e pelo urbanismo, coloca todo o seu profissionalismo e paixão ao serviço dos seus clientes – sejam particulares, empresas ou entidades públicas – por forma a criar espaços verdes que contribuem para uma melhor qualidade de vida.